Cirurgia para mudar a cor dos olhos gera polêmica

Um oftalmologista do Panamá criou uma cirurgia polêmica para trocar a cor dos olhos. O procedimento está sendo muito criticado por especialistas brasileiros, mas tem atraído cada vez mais pacientes. Mesmo com todos os riscos envolvidos, que incluem doenças graves da visão e cegueira, o médico tem recebido pacientes de diversos países para se submeterem à operação. Até brasileiros ele afirma já ter atendido em seu consultório.

A cirurgia consiste em implantar uma resina plástica colorida sobre a íris, parte interna do olho onde se encontra a pupila. As duas atuam no controle de luz que os olhos recebem, ajuste necessário para a visualização de imagens.

Para inserir a lente colorida, o médico faz um pequeno corte nos olhos, de aproximadamente 3 milímetros. Pelo corte, a resina plástica é colocada. Inicialmente, ela é inserida enrolada, no formato de um pequeno duto. Já dentro do olho, o médico abre a lente, que irá encobrir a íris.

Esse material fica numa área do olho chamada câmara interna, que se localiza entre a córnea e a íris. O procedimento ainda é experimental e não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no Brasil, nem pela Food and Drug Administration, que regula o setor nos Estados Unidos.

Mas como as leis no Panamá são mais permissivas, o criador do procedimento não tem encontrado dificuldade em comercializá-lo em seu país. Mais de 600 operações já foram realizadas, segundo ele. O sucesso da operação é tão grande, que já está havendo procura em clínicas brasileiras. Entre elas, o Instituto de Moléstias Oculares (IMO), em São Paulo.

“Não recomendamos a cirurgia, muito menos por razões estéticas. As chances de ter glaucoma, inflamações no olho e descompensação da córnea são enormes”, afirma o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO.

“A motivação (estética) tem um apelo muito grande na população, que nem sempre dimensiona o risco do procedimento”, alerta Paulo Augusto de Almeida Mello, que irá assumir no próximo mês a presidência do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. “Já soube de casos em que foi preciso retirar essa prótese, e o paciente teve sérias complicações, perdendo parte da visão”, conta.

Fonte: Diário de SP

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