O mês de abril foi selecionado para, todos os anos, celebrar o mês de conscientização da população para a Prevenção da Cegueira – diagnóstico, tratamento precoce e reabilitação. E o chamamos de abril marrom. Esse nome vem se consolidando no calendário de temáticas de saúde para a conscientização sobre o problema. O ‘Abril Marrom’ é um alerta para a prevenção de doenças que causam cegueira.
A cegueira atinge, atualmente, cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil. Cerca de 60% das doenças oculares que causam cegueiras são tratáveis. Se a pessoa tivesse chance de um diagnóstico e um tratamento precoce, ela poderia não estar cega. E também cerca de 85% da nossa comunicação com o mundo exterior se dá através dos olhos. Eles são um patrimônio muito precioso, mas não são tratados com a devida atenção. Isso precisa mudar.
Considerando que 80% dos casos de cegueira são evitáveis e/ou tratáveis, significa que quase 700 mil brasileiros cegos poderiam estar enxergando caso tivessem sido tratados a tempo. Essas ocorrências poderiam ser evitadas se a população consultasse um oftalmologista pelo menos uma vez ao ano.
As doenças caminham silenciosamente e as pessoas só procuram o médico quando já perderam parte da visão. Neste momento, o problema já está em estado avançado e os tratamentos nem sempre recuperam a visão. A população precisa ficar alerta e ter interesse em se cuidar. É preciso procurar o oftalmologista para fazer exames e detectar possíveis doenças. Diabéticos, crianças, adultos acima de 40 anos e idosos acima de 60 anos devem ter ainda maior atenção aos cuidados com a visão. Ter informações a respeito das doenças que podem levar à cegueira é o primeiro passo para a população adotar medidas preventivas.
Dentre algumas das doenças que podem levar à cegueira, algumas são bastante frequentes no cotidiano da população, mas bastante negligenciadas devido à falta de conhecimento sobre as suas consequências em longo prazo. As doenças mais comuns que podem causar cegueira são:
Catarata
Doença caracterizada pela perda de transparência (opacidade) do cristalino (lente localizada atrás da íris), a catarata pode ser classificada como secundária ou senil. A catarata secundária pode estar relacionada a inúmeros fatores, tanto oculares quanto problemas sistêmicos; a catarata senil ocorre devido ao envelhecimento natural do cristalino. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 85% das cataratas são classificadas como senis, com maior acometimento na população acima de 50 anos.
Por se tratar de uma doença progressiva, somente a facectomia, cirurgia de substituição do cristalino, gera resultados efetivos e definitivos para a recuperação da visão.
Ao notar qualquer sinal de embaçamento na visão, dificuldade para dirigir à noite por conta do brilho dos faróis, visão com feixes de luz e sensação de melhora da visão ao aproximar os objetos, com piora logo em seguida, é necessário buscar ajuda do oftalmologista.
Retinopatia Diabética
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença atinge mais de 15 milhões de brasileiros. Se não for tratada corretamente, pode interferir diretamente na função dos vasos sanguíneos que levam sangue e oxigênio para as células da retina, desencadeando a retinopatia diabética, com evolução para a cegueira.
Trata-se de uma doença assintomática no início. Porém, em estágio avançado, surgem alterações visuais súbitas e indolores. Para não ter de chegar a este estágio, é importante que os portadores de diabetes visitem regularmente o oftalmologista para realizar o mapeamento de retina, além de manter o diabetes sob controle.
O tratamento para retinopatia diabética, junto com o controle do diabetes, impede sua evolução, tornando o diagnóstico precoce fundamental para impedir a perda de visão. É composto por medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. A terapia mais recente e inovadora no momento é a aplicação injetável intravítreo de dexametasona, recentemente incluída no ROL da ANS.
Glaucoma
Essa doença desafia a medicina e é a principal causa de perda irreversível da visão. E isto se deve ao fato de o glaucoma ser silencioso. Quando surgem os primeiros sinais, o risco de o paciente ter importante perda da visão é iminente e definitivo.
Resumidamente, a doença surge quando o nervo óptico (uma espécie de fio telefônico com mais de um milhão de fibras) começa a apresentar danos. A informação deixa de percorrer de forma correta o trajeto entre o olho e o cérebro. De maneira gradual, lenta e imperceptível, surgem “pontos cegos”, que só serão percebidos depois de um dano considerável. Quando todo o nervo é destruído, ocorre a cegueira, que é caracterizada por danos no nervo ótico que podem levar à perda total de visão devido ao aumento da pressão intraocular (PIO). Como o nervo ótico é o responsável por levar as informações que vemos ao cérebro, qualquer dano nessa região pode interferir na qualidade da visão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 1 a 2% da população acima de 40 anos é portadora de algum tipo de glaucoma, que causa cegueira irreversível.
Campanhas informativas como a do Abril Marrom são importantes para a promoção de conhecimento da população para que ela entenda a importância da consulta anual ao médico. A regularidade nas consultas é o modo de prevenção mais efetivo, bem como o compromisso com o tratamento quando uma doença é diagnosticada.