Nove entre 10 pacientes de cirurgia ocular a laser Lasik relatam satisfação com os resultados da cirurgia. Mas uma porcentagem considerável experimenta novos distúrbios visuais – como ver halos em torno das luzes – até seis meses após o procedimento, segundo um estudo.
“Embora esteja comprovado que o Lasik seja seguro e eficaz ao longo de décadas, um subconjunto pequeno, mas significativo de pacientes relatam efeitos pós-operatórios, incluindo brilho, halos e outros sintomas, bem como olhos secos”, disse o Dr. Christopher Starr. Ele é professor associado de oftalmologia na Weill Cornell Medicine/NewYork-Presbyterian Hospital em Nova York.
“Esses efeitos normalmente resolvem ao longo do tempo, seja durante o processo de cicatrização, que pode levar até 12 meses, ou com tratamentos adicionais se necessário”, disse Starr, que não estava envolvido no estudo.
De centenas de pacientes pesquisados, menos de 1% relataram algum problema que atrapalhe o dia a dia. Ainda assim, essas preocupações podem ser mais comuns do que se pensava, comentaram os pesquisadores.
Os procedimentos do laser Lasik tratam o astigmatismo, a miopia e a hipermetropia. Milhões de pessoas que esperam deixar os óculos ou lentes de contato foram submetidos à cirurgia Lasik desde o seu desenvolvimento há mais de 20 anos.
Para saber mais sobre seus efeitos colaterais, a US Food and Drug Administration realizou duas pesquisas entre 2011 e 2014 nos EUA.
“Alguns dos problemas relatados incluem sintomas debilitantes na visão (estrelas brilhantes, brilho, fantasma ou halos) e severo olho seco”, disse a Dra. Malvina Eydelman, diretora da divisão da FDA e co-autora dos dois novos relatórios. Para alguns, as atividades cotidianas e dirigir à noite tornaram-se tarefas difíceis, observou.
No entanto, Eydelman e Starr disseram que os resultados não desafiam suposições sobre a segurança e eficácia do Lasik, uma vez que a não foi desenvolvida com esse foco. Em uma pesquisa, os pesquisadores analisaram as respostas de 240 pessoas da Marinha ativa um e três meses após a cirurgia de Lasik. Metade eram adultos jovens. Já outro estudo analisou as respostas de 271 civis, na idade média de 32 anos, até seis meses após terem sido submetidos à cirurgia de Lasik em um dos cinco centros nos Estados Unidos. “Até 46% dos participantes que não tinham sintomas visuais antes da cirurgia relataram pelo menos um sintoma visual três meses após a cirurgia”, disse Eydelman. “Eles desenvolveram halos com mais freqüência, até 40% dos participantes que não viam halos antes da cirurgia, passaram a ver três meses após a cirurgia”, disse ela. Além disso, até 28% dos participantes sem sintomas de olhos secos relataram tê-los três meses após a cirurgia, Eydelman acrescentou. “Isso é consistente com estudos anteriores”, disse ela. No entanto, mais de 90% dos pacientes relataram satisfação. E aqueles que revelaram queixas não necessariamente procuraram ajuda para eles. “Os participantes tinham duas vezes mais probabilidade de relatar seus sintomas visuais em um questionário do que informá-los ao seu médico”, disse Eydelman. Não dá pra determinar se pessoas de uma certa idade ou sexo sejam mais suscetíveis a esses distúrbios pós-operatórios, observou.
Starr disse que o questionário pode ser administrado para ajudar os pesquisadores a entenderem melhor as relações do Lasik com problemas oculares e se afetam a vida das pessoas.
“Devido à sofisticação tecnológica atual, provavelmente nunca houve melhor momento para ter a cirurgia de correção da visão a laser”, disse Starr. Ele observou que em recente revisão de 4.400 estudos clínicos de Lasik realizados entre 2008 e 2015, os pacientes estão experimentando “melhores resultados visuais” do que nunca. No entanto, “Lasik não é para todos”, disse Starr. “Existem alguns pacientes que é melhor ficarem com lentes de contato ou óculos ao invés de fazerem a cirurgia de correção de visão a laser”, acrescentou. “Isso se trata da importância de uma triagem cuidadosa e de um diálogo aberto e honesto entre paciente e médico sobre os riscos e benefícios da cirurgia”.
O estudo foi publicado on-line recentemente na revista JAMA Ophthalmology. Divulgado em Webmd.com