Tratamento da oncologia ocular ganha técnicas mais modernas e menos invasivas e amplia chances de cura

Tratamento da oncologia ocular ganha técnicas mais modernas e menos invasivas e amplia chances de cura – esse é o tema principal e capa da revista Universo Visual.

Na matéria, a Dra. Letícia Dourado, chefe do Departamento de Oncologia do CBCO foi uma das entrevistadas e apontou as preocupações e inseguranças que um paciente tem ao receber um diagnóstico de câncer ocular, bem como destacou os exames existentes na atualidade e os tratamentos poderão ser feitos conforme cada caso.

As estatísticas são animadoras ao se diagnosticar precocemente esse tipo de câncer:

  • quando o tumor é diagnosticado na fase inicial, a perspectiva de cura é muito grande, entre 80% a 100% de uma forma geral;
  • pacientes com carcinoma ou melanoma de conjuntiva têm chance de cura em até 90%;
  • pacientes com melanoma de íris em mais de 95% ficam curados, desde que lesões pequenas;
  • crianças com diagnóstico de retinoblastoma pequeno ou médio intraocular têm chance de até 90% de conservar o olho com potencial de visão com as técnicas atuais de quimioterapia intra-arterial seletiva, sem risco de sobrevida;
  • retinoblastomas grandes, enucleados com extensão microscópica no exame anatomopatológico apresentam cura em 30% a 70%, mesmo com quimioterapia ou radioterapia externa complementares;
  • O melanoma de coroide está associado com mortalidade em torno de 50% em 10 anos de seguimento;
  • nos melanomas uveais, há a necessidade de desenvolver tratamentos sistêmicos que sejam efetivos para reduzir as metástases, que ocorrem em até cerca de 50% dos casos e que não dispõem de terapias efetivas até o momento.

O que há para Tratamento de Câncer Ocular

Nas últimas décadas, os tratamentos conservadores evoluíram, permitindo salvar a vida do paciente, bem como o olho e muitas vezes preservar sua visão. “A escolha da terapia para cada tipo de câncer ocular é muito variável e ampla, e o tratamento é individualizado caso a caso, e assim como outros tipos de neoplasias, depende muito do tamanho e do estágio em que se encontra a doença. Também precisamos levar em consideração a localização do tumor ocular (anexos, segmento anterior ou posterior)”, lembra Dra Letícia. Entre os tratamentos mais utilizados, estão:

  • Colírios: que podem servir como quimioterapia tópica, funcionando como tratamento ou como quimiorredução ou como adjuvante ao tratamento cirúrgico;
  • Cirurgia: que visa à exérese com margem livre sempre que possível. Entre as técnicas temos a ressecção total ou parcial do tecido (conjuntiva, músculo, pálpebras, íris, entre outros), enucleação (retirada do globo ocular) e a exenteração (retirada cirúrgica do globo ocular e o conteúdo orbital adjacente a este, como músculos oculares, tecido adiposo periocular e pálpebras); estas últimas técnicas geralmente são reservadas para os tumores maiores e com baixo prognóstico visual. Antigamente havia muitas mutilações com estas técnicas, mas com o avanço da medicina temos vários outros tratamentos conservadores no arsenal terapêutico. As várias técnicas cirúrgicas podem se associar a outras terapias locais, como crioterapia (sonda de metal refrigerada a temperaturas muito baixas, destruindo as células do tumor por congelamento) e uso de álcool absoluto ou outros medicamentos (antiangiogênicos e quimioterápicos);
  • Radioterapia: onde é utilizada a braquiterapia, que consiste na implantação cirúrgica de um pequeno artefato radioativo na forma de placa episcleral, onde depositaremos sementes radioativas de iodo ou rutênio, aplicadas diretamente sobre a área do olho comprometida; ou radioterapia externa;
  • Quimioterapia: basicamente dividida em duas formas – a sistêmica, por exemplo, utilizada nas metástases e retinoblastomas, e as oculares, denominadas de acordo com a via de administração: tópica, intra-arterial ou intraoculares e as perioculares. E ainda nos linfomas temos a intratecal;
  • Laser: como existem diversas técnicas, pode ser feita utilizando laserterapia isolada ou associada a outro tratamento ou droga. Entre elas podemos citar a TTT (termoterapia transpupilar – uma radiação infravermelha que provoca a hipertermia do tecido do tumor), que pode ser utilizada em associação com a braquiterapia ou isolada, dependendo do tamanho do tumor e do tipo. PDT (photodynamic therapy, do inglês, ou terapia fotodinâmica: uma reação química ativada por luz, laser, usada para destruição seletiva do tumor e que requer uso de um agente fotossensibilizante);
  • Imunoterapia e terapia de células-alvo: Provavelmente o futuro dos tratamentos. Inúmeros estudos estão evoluindo nesta área, principalmente para melanoma e linfoma.
    Existem muitas formas de tratamento clínico e cirúrgico nos tumores oculares, dependendo da natureza, tamanho e local ao diagnóstico. Vários casos necessitam de tratamento combinado, incluindo alguma forma de quimioterapia, radioterapia e cirurgia.

Fonte: Universo Visual

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