O surto mundial do Zika Vírus
O impacto do surto da síndrome congênita pelo Zika vírus (ZIKV) na América Latina requereu uma resposta mundial expressiva dado ao grande questionamento científico sobre a gravidade da doença. No curto prazo, foi necessária a implementação de medidas eficazes que permitissem o aprendizado sobre essa gravidade, seu impacto na saúde pública, como efetivamente prevenir e impedir sua disseminação; bem como a construção de um protocolo de acompanhamento e tratamento dos que foram infectados.
O Zika Vírus na Região Centro-Oeste
Em 2019, até a Semana Epidemiológica 11 (30/12/2018 a 16/03/2019), foram registrados 2.344 casos prováveis de Zika no país, com incidência de 1,1 caso/100 mil hab. A região Centro-Oeste apresentou 255 casos prováveis (10,9%). Goiânia, dentre os 17 municípios brasileiros com população maior que 1 milhão de habitantes, evidenciou a maior incidência de casos prováveis de Zika por estrato populacional: 2,4/100 mil habitantes.
Em Goiás, há dois anos, o estabelecimento de um estudo multidisciplinar pelo consórcio ZikaPLAN com suporte do programa European Union´s Horizon 2020 Research and Innovation programme proporcionou o atendimento e acompanhamento de gestantes infectadas e crianças verticalmente expostas ao ZIKV. A coordenação é da infectologista Dra Marília Dalva Turchi.
Iniciativa pioneira quanto ao Zika Vírus
Dr. Marcos Ávila, pesquisador responsável pelos estudos oftalmológicos, coordena conjuntamente ao Dr. David Leonardo Cruvinel Isaac uma equipe composta por profissionais especialistas em retina e vítreo, oftalmopediatria, neuroftalmologia, visão subnormal e estimulação visual.
Como idealizador do protocolo de atendimento e acompanhamento das crianças verticalmente expostas ao ZIKV em Goiás, Dr. Marcos Ávila propôs a realização dos exames oftalmológicos de forma segura e menos invasiva possível, evidenciando alterações vasculares relevantes. Após dois anos de intensos estudos, treinamentos, estruturação oftalmológica e anestésica, em 29/06/2019, uma equipe, composta por 15 profissionais, realizou – pela primeira vez em Goiás – a angiofluoresceinografia em crianças expostas verticalmente ao ZIKV. O exame foi primordial na complementação diagnóstica das alterações previamente evidenciadas e para investigação de alterações na acuidade visual.
O presente estudo contribuirá para a descrição científica de novas alterações oftalmológicas causadas pelo ZIKV além de implementar um melhor acompanhamento e tratamento das crianças verticalmente expostas.