Jovem com daltonismo reaprende a ver o mundo

Essa é a história do Marcos, um jovem daltônico que levou muito tempo para descobrir essa deficiência. Isso acarretou alguns problemas na sua vida, mas, hoje, consciente da alteração visual, administra o daltonismo com tranquilidade. Ele encontrou um caminho quando foi a Goiânia visitar uma tia que o levou ao CBCO para ver o que poderia ser feito. Sua tia nos contou que se emocionou quando saíram do CBCO e Marcos disse: “Tia, que lindo! Estou vendo as nuvens. Não sabia que eram assim”. Entrevistamos o jovem para entender como foi isso para ele:

Como foi sua infância com o daltonismo?
Bom, na infância eu sofri um pouco (risos). Morávamos no interior e tínhamos pouco conhecimento. Minha irmã mais nova aprendeu todas as cores bem antes de mim e minha mãe achava que eu falava errado de propósito, pois eu era um pouco levado, então eu acabava apanhando. Minha mãe passou a cobrar as cores dos lápis todos os dias, como cobrava a tabuada, e eu não podia errar (risos).
Na escola foi muito difícil, também. Não raramente, eu chegava em casa com o caderno em branco, pois eu via a professora fazendo movimentos com o braço no quadro, e não enxergava nada escrito lá, pois o giz era colorido. Para mim, todos os meus colegas viam da mesma forma. Uma vez, pintei o desenho de uma cachorra de cor-de-rosa, e riram muito de mim. Pintei dessa cor porque era assim que eu a enxergava. Não via a cachorra de cor caramelo. Eu pintava os desenhos das cores que eu enxergava as coisas, mas quase sempre estava “errado”, e levava bronca da professora.
Então, aos 10 anos, procurei uma forma de melhorar isso e não ficar mais de castigo: notei que atrás da caixa de lápis de cores tinha uma tabela numerada do 00 ao 36 e que cada númerocorrespondia a uma cor. Assim, passei a decorar o nome da cor de cada código. Quando minha mãe vinha me perguntar qual era a cor do lápis eu pegava o lápis, olhava o número e acertava, até que ela parou de me cobrar as cores. Quatro anos mais tarde descobrimos que eu era daltônico.

Quando descobriu que é daltônico? Em que situação isso ocorreu?
Eu só descobri o daltonismo aos 14 anos de idade, quando estávamos com minha família em Goiânia, e eu havia feito um comentário sobre uma placa e falado a cor dessa placa. Me corrigiram sobre a cor da placa e foi a primeira vez que ouvi falar sobre daltonismo.
Minha tia já sabia e conhecia pessoas que tinham essa deficiência e, então, nós fomos ao hospital de olhos (CBCO) para uma avaliação. No CBCO, fizeram uma série de testes com cores variadas e depois me contaram que eu tinha deficiência com duas cores primárias: verde e vermelho. A seguir, me apresentaram alguns óculos coloridos e me pediram para usar cada um e dizer quaiscores eu via com os óculos para, então, escolher aquele que apresentasse melhores resultados.

Como foi a sensação de testar os óculos de adaptação?
Bom, usar os óculos foi uma grande novidade porque algumas cores mudaram muito e a volta para casa foi bem bacana. Vi a coloração do céu junto às nuvens no pôr do sol, com entardecer laranja e mais variações de cores, e não um mesmo tom.
Os dois modelos de óculos que testei eram feios, mas um era menor e mais bonito que o outro,porém não preenchia todo o meu raio de visão. Já o outro, que é o meu, achei grande e feio,mas cobre todo o meu raio de visão, fazendo com que tudo o que eu vejo passe pelo filtro especial que corrige a deficiência dos meus olhos.
Os óculos são ótimos para viajar e promovem um ótimo descanso para a minha visão, porém ao usá-lo por um período de 15 minutos e retirá-lo, eu fico quase cego: enxergo tudo em tons de branco até que a visão vá voltando ao normal. Isso dura alguns minutos.

Como você via o mundo antes e como ficaram as coisas após saber do daltonismo?
Antes de saber que era daltônico, eu achava tudo muito normal, afinal, eu nasci vendo assim. Eu acreditava que enxergava como todo mundo e nunca tive problemas em enxergar. Pra mim, o mundo era assim, e eu não tinha consciência de que era diferente das outras pessoas.
Após saber o que é daltonismo eu pude usar isso melhor pra me adaptar. Por um bom período usei os óculos e estudei as diferenças de estar com os óculos e sem os óculos para poder dominar as tonalidades. Hoje, quando me perguntam cores, eu observo as outras cores em volta e uso uma lógica sobre qual a cor teria maior possibilidade de ser e, na maioria das vezes, eu acerto, mas ainda erro algumas vezes.
Descobri, também, que daltônicos tem capacidade de perceber traços de diferenciação de tons de uma mesma cor e que, daltônicos eram selecionados nas guerras para descobrir as bases camufladas dos inimigos e, realmente, eu consigo encontrar muitos animais camuflados com

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