Médicos anunciam sucesso em primeiro implante de células-tronco na retina.
A matéria começou citando uma nova cirurgia que promete devolver a visão a quem sofre da “cegueira da idade”: a forma mais grave da degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
No Brasil, segue também uma pesquisa junto à UFG (Universidade Federal de Goiás) no Centro de Referência em Oftalmologia e o foco tem sido também no tratamento da “cegueira da idade”. Esse procura ser o primeiro passo para o tratamento das cegueiras.
Para o Prof. Dr. Marcos Ávila, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e professor da UFG, o risco de as células-tronco implantadas trazerem alguma complicação para o paciente é pequeno. Ele, que também é professor da Universidade Federal de Goiás, afirmou que “antes de começar a implantação em seres humanos, foram feitos muitos testes pra ver a viabilidade e a segurança. Pode não se tratar da cura definitiva porque as células visuais também são afetadas pela DMRI e, não apenas as células do epitélio pigmentar. Mas o procedimento dá um controle biológico melhor. O paciente até pode continuar com a doença no olho, mas não terá sintomas, a sua visão será mais apurada. Quando for confirmada a cura de algum tipo de perda visual, como a causada pela DMRI, será uma revolução para a Humanidade”.
O Prof. Dr. Marcos Ávila explica que, como a cirurgia desenvolvida pelos cientistas britânicos trata apenas da criação de células do epitélio pigmentar a partir de células-tronco, não serve para o tratamento de outros tipos de cegueira. E completa que, no caso da cegueira causada pelo glaucoma por exemplo, seria preciso um implante de células oculares e não do epitélio pigmentar, assim como quem tem descolamento de retina, que não vai ser curado por esse tratamento.
Entenda como foi o procedimento do projeto de Londres com células-tronco
A cirurgia foi realizada em agosto de 2015 por médicos britânicos em uma paciente de 60 anos, voluntária no projeto. O sucesso refere-se a não haver complicações no mesmo ano. O pós-operatório tem o acompanhamento pela equipe, que espera determinar um resultado em termos de recuperação visual até o final do ano.
No procedimento, foi implantado na parte de trás da retina, células tronco-embrionárias que foram transformadas em células do epitélio pigmentar da retina, o tecido que fica sob a mácula e é prejudicado pela DMRI. É no epitélio pigmentar que ficam os fotorreceptores da mácula, isto é, as células responsáveis por captar a luz e formar as imagens. Há dois tipos de células fotorreceptoras:
os cones – permitem a visão central;
os bastonetes – ligados à visão periférica.
Quando a mácula começa a se degenerar (DMRI), as células cones são as mais afetadas, o que faz com que os pacientes passem a enxergar um borrão escuro no centro da visão.
No total, dez pacientes com a doença deverão participar do estudo ao longo de 18 meses. Todos os voluntários têm a forma “molhada” da DMRI, forma mais severa da doença.
Entenda o que é a DMRI – Degeneração Macular Relacionada à Idade
A DMRI possui duas formas: a úmida e a seca. A DMRI úmida é menos comum que a forma seca mas é mais severa. O conceito de úmida e seca é baseado na forma como o oftalmologista vê a mácula quando examina o olho.
Os atuais tratamentos para a DMRI não são capazes de promover a cura definitiva. Para a forma seca, que é mais leve, são usadas medicações antioxidantes com vitaminas e sais. Para a forma úmida, são injetadas no olho, substâncias angiogênicas, que impedem o crescimento de vasos sanguíneos no olho, os causadores de danos às células fotorreceptoras. Em casos muito severos, são necessárias injeções mensais.
Além da idade, fatores como tabagismo, hábitos alimentares que incluem muita gordura, exposição em excesso a raios ultravioleta e a genética são essenciais para determinar quem vai desenvolver a doença. Quanto mais velho, mais chances de ter a doença.
Fonte: O jornal “O globo” divulgou em 30 de setembro de 2015.